Atividade física e diabetes


A atividade física é um fator importante do tratamento do diabetes mellitus, e contribui para melhorar a qualidade
de vida do portador de diabetes. Mais ainda, atuando preventivamente e implantando um programa de promoção da atividade física, dieta sã e equilibrada, assistência médica, educação do paciente e da equipe sanitária, pode se reduzir significativamente a incidência do diabetes do tipo 2 e das complicações associadas.
Segundo um estudo de Helmrich et al., o risco de diabetes do tipo 2 aumenta à medida que aumenta o IMC (índice de massa corporal), e, ao contrario, quando aumenta a intensidade e/ou a duração da atividade física, expressa em consumo calórico semanal, esse risco diminui, especialmente em pacientes com risco elevado de diabetes.
Tal como ocorre em pessoas não diabéticas, a prática regular de exercício pode produzir importantes benefícios a curto, médio e longo prazo.

BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA A CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO

Aumenta o consumo da glicose.
Diminui a concentração basal e pós-prandial da insulina.
Aumenta a resposta dos tecidos à insulina.
Melhora os níveis da hemoglobina glicosilada.
Melhora o perfil lipídico:
- diminui os triglicerídeos.
- aumenta a concentração de HDL-colesterol.
- diminui levemente a concentração de LDL-colesterol.
Contribui a diminuir a pressão arterial.
Aumenta o gasto energético:
- favorece a redução do peso corporal - diminui a massa total de gordura. - preserva e aumenta a massa muscular. Melhora o funcionamento do sistema cardiovascular
Aumenta a força e elasticidade muscular.
Promove uma sensação de bem-estar e melhora a qualidade de vida.
Dentre os benefícios a curto prazo, o aumento do consumo de glicose como combustível por parte do músculo em atividade, contribui para o controle da glicemia.
O efeito hipoglicemiante do exercício pode se prolongar por horas e até dias após o fim de exercício. Esta resposta metabólica normal pode ser alterada durante os estados de extrema deficiência de insulina ou excesso da mesma, o que é responsável por um risco maior de hipoglicemia e/ou hiperglicemia e ocorrência de cetoacidose
Por essa razão, a prescrição de atividade física para melhorar o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes do tipo 1 (insulino-dependentes) for motivo
de discussão e controvérsias entre especialistas.
O que é certo é que o uso freqüente de técnicas de auto-monitorização glicêmica e a implantação de insulinoterapia intensificada permitem ao paciente portador de diabetes do tipo 1 desenvolver estratégias e ajustes no consumo de carboidratos e doses de insulina, para poder participar de maneira mais segura em programa de atividade física.
Por outro lado, a prescrição de atividade física em paciente portador de diabetes do tipo 2 não apresenta dúvidas e é hoje, junto com a perda de peso, uma das indicações das mais apropriadas para corrigir a resistência à insulina e controlar a glicemia nesse tipo de diabetes (que representa 90% dos casos), ainda mais se está associado à obesidade. Por outro lado, no diabetes do tipo 2 cujo tratamento está baseado só em dieta, raramente o exercício gera hipo ou hiperglicemia.
Os benefícios a médio e longo prazo, da prática regular de atividade física, contribuem para diminuir os fatores de risco para o desenvolvimento da doença cardiovascular (aumentado no paciente portador de diabetes), através das seguintes alterações: melhora do perfil lipídico, contribuição para a normalização da pressão arterial, aumento da circulação colateral, diminuição da freqüência cardíaca no repouso e durante o exercício. No mais, independentemente das alterações fisiológicas que acompanham o exercício, também ocorrem alterações comportamentais que favorecem o cuidado e o autocontrole por parte do paciente, e conseqüentemente contribuem para melhorar sua qualidade de vida.

RECOMENDAÇÕES

- Escolher uma atividade física a seu gosto e impor se a prática regular da atividade física escolhida.
-  Evitar metas inatingíveis. Aumentar progressivamente
a duração da atividade e a intensidade do esforço.
- Praticar diariamente pelo menos durante 20-30 minutos,
ou 3 a 4 vezes por semana durante 45-60 minutos.
- Começar a sessão com exercícios de alongamento e
movimentos articulares. Repetir no fim da sessão.
- Se você nunca praticou atividade física programada, comece por aumentar a atividades diárias que faz habitualmente, como caminhar, subir e descer escadas, etc.
- Interromper o exercício ante sinais de hipoglicemia, dor no peito ou respiração sibilante.
- O sapato utilizado deve ser confortável e as meias de algodão. Examine diariamente os seus pés.
- Beber uma quantidade maior de líquido sem calorias nem cafeína, como água, antes, durante e após a atividade física.
- Se quiser conhecer a intensidade do esforço realizado, controle a sua freqüência cardíaca imediatamente após o fim do exercício.
- Não esqueça de levar açúcar para a sessão de atividade física.
- Se você caminha, corre ou anda de bicicleta, evite as interrupções durante o tempo proposto.