Gestação e atividade Física





Os benefícios da prática de atividades físicas durante a gestação são diversos e atingem diferentes áreas do organismo materno. O exercício reduz e previne as lombalgias, devido à orientação da postura correta da gestante frente à hiperlordose que comumente
surge durante a gestação, em função da expansão do útero na cavidade abdominal e o conseqüente desvio do centro gravitacional. Nestes casos, o exercício físico contribuirá para adaptação de nova postura física, refletindo-se em maior habilidade para a gestante
durante a prática da atividade física e do trabalho diário.
Na ocorrência de dores nas mãos e membros in feriores, que geralmente acontece por volta do terceiro trimestre, frente a diminuição da flexibilidade nas juntas, a prática da atividade física regular direcionada  durante a gestação terá o efeito de minimizálas,
possivelmente, por promover menor retenção de líquidos no tecido conectivo.
Sabe-se que a atividade cardiovascular durante a gestação se eleva comparada ao período não gestacional. No entanto, com a prática regular de exercícios
físicos reduz-se esse estresse cardiovascular, o que se reflete, especialmente, em freqüências cardíacas mais baixas, maior volume sangüíneo em circulação,
maior capacidade de oxigenação, menor pressão arterial, prevenção de trombose e varizes, e redução do risco de diabetes gestacional.2
Em gestantes que apresentam diabetes gestacional, a atividade física pode contribuir para manter os níveis glicêmicos normais. Essa patologia ocorre,
de modo geral, na fase tardia da gestação.2 Todavia  parece que o excesso de peso corporal pode ser um elemento contrário aos benefícios da atividade física para a gestante. Segundo Dye et al., que estudaram a prática da atividade física durante a gestação como forma de prevenção de diabetes gestacional, somente depois de controlado o efeito do Índice de Massa Corporal (IMC), foi encontrada associação entre a prática de atividade física e o não surgimento de diabetes gestacional (odds ratio = 1,9). Os autores concluíram que o peso expresso através do IMC foi determinante
para o surgimento da patologia, especialmente quando o IMC superava 33kg/m2. Em gestantes que apresentaram diabetes gestacional e praticaram atividade física regular durante todo o período gestacional observou-se antecipação no trabalho de parto, quando comparadas com aquelas que interromperam a atividade ao final do segundo semestre.
A prática de atividade também trouxe benefícios para gestantes já portadoras de diabetes mellitus sob controle. Jovanik-Peterson e Peterson, ao estabelecerem
um programa baseado na dieta e atividade física para gestantes diabéticas, afirmaram que embora ainda seja controversa essa questão, evidências acumuladas na literatura têm demonstrado que sob controle dietético e de atividade física, os níveis glicêmicos podem ser mantidos normais, mesmo em gestantes já diabéticas. Os exercícios físicos praticados durante a gestação devem ser cuidadosamente observados para esse grupo de gestantes, especialmente na fase final, uma vez que têm efeito positivo no amadurecimento cervical e na atividade de contração uterina.5,21 As vantagens da atividade física durante a gestação se estendem ainda, aos aspectos emocionais, contribuindo para que a gestante torne-se mais autoconfiante e satisfeita com a aparência, eleve a autoestima e apresente maior satisfação na prática dos exercícios

ATIVIDADES FÍSICAS NÃO RECOMENDADAS DURANTE A GESTAÇÃO

Alguns exercícios físicos merecem recomendações especiais sobre o desenvolvimento de sua prática ou contra-indicação neste período. A intensidade do exercício deve ser monitorada de acordo com os sintomas que a gestante apresentar.
Esta intensidade se revela através da demanda sobre o sistema cardiovascular.
A relação a seguir apresenta alguns tipos de exercícios físicos e/ou situações não recomendadas para a prática durante o período gestacional:

a) qualquer atividade competitiva, artes marciais ou levantamento de peso;
b) exercícios com movimentos repentinos ou de saltos, que podem levar a lesão
articular;
 c) flexão ou extensão profunda deve ser evitada pois os tecidos conjuntivos já apresentam frouxidão; exercícios exaustivos e/ou que necessitam de equilíbrio principalmente no terceiro trimestre;
d) basquetebol e qualquer outro tipo de jogo com bolas que possam causar trauma abdominal;
 e) pratica de mergulho (condições hiperbáricas levam a risco de embolia fetal quando ocorre a descompressão;
 f) qualquer tipo de ginástica aeróbica, corrida ou atividades em elevada altitude são ontraindicadas ou, excepcionalmente aceitas com limitações, dependendo das condições físicas da gestante;
g) exercícios na posição supino após o terceiro trimestre podem resultar em obstrução do retorno venoso.

Referências
1. Ramos AT. Atividade física: diabéticos, gestantes, terceira
idade, crianças e obesos. Rio de Janeiro: Sprint; 1999.
2. Helmrich SP, Ragland DR, Paffenbarger SR. Prevention of
non-insulin-dependent diabetes mellitus with physical
activity. Med Sci Sports Exerc 1994; 25: 824-30.
3. Clapp JF, Litlle KD. Effect of recreational exercise on pregnancy
weight gain and subcutaneous fat deposition. Med
Sci Sports Exerc 1995; 27: 170-7.
4. Ministério da Saúde. Áreas técnicas. Projetos de promoção a
saúde. Disponível em: www.saude.gov.br. [2001 9 jul]
5. WHO (World Health Organization). Maternal anthropometry
and pregnancy outcomes: a WHO collaborative study.
Bull World Health Org. 1995; 73: 1-98.
6. Artal R, Gardin SK. Perspectiva histórica. In: Artal R,
Wiswell AR, Drinkwater LR. O exercício na gravidez.
São Paulo: Manole; 1999. p.1-7.
7. ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists).
Exercise during pregnancy and the postpartum period.
Washington (DC): O College: 1994.
8. Gallup E. Aspectos legais da prescrição de exercícios para a
gravidez. Seção III: Aplicações práticas. In: Artal R,
Wiswell AR, Drinkwater LR. O exercício na gravidez.